Na sala de um lavrador-aluno, deu-se início a Escola Nossa Senhora do Carmo, como um projeto social das Irmãs Carmelitas do Carmelo Sagrado Coração de Jesus e Madre Teresa, numa zona rural, do município de Bananeiras, na Paraíba, com o objetivo de alfabetizar os lavradores do entorno do Carmelo. Desde o princípio, queríamos muito mais do que ensiná-los somente a ler e escrever, mas, sobretudo, a desenvolver uma educação que promovesse a consciência de sujeito de sua história, das transformações de si e do meio, de uma educação humanizada e humanizadora, liberta e libertadora, integrada e integradora.
Fundamentada nos ideais de uma Educação Popular, os pais manifestaram o desejo de ter também os filhos dentro do projeto. Surgiu, então, a necessidade de uma estrutura física própria e, com parcerias, a Escola Nossa Senhora do Carmo foi construída, passando a atender, durante o dia, as crianças e, à noite, os pais.
O desejo de uma outra educação possível diferente da que fomos educados/as e formados/as, construída com todos e para todos, nos levou a constantes mudanças em nossa prática educativa até rompermos com a estrutura de seriação, avaliação com provas, aulas... Passamos a tomar como ponto de partida de toda ação pedagógica a curiosidade do(a) educando(a).
Tendo em vista o anúncio pelo Carmelo do fechamento da Escola, a comunidade escolar, reunida em assembleia, decidiu dar continuidade ao trabalho educativo desenvolvido, pela grande relevância que tinha na vida de todos/as, tornando-a, desde então, uma escola comunitária, vivendo inteiramente de doações e parcerias. Surge a necessidade e o sonho por uma estrutura física própria e condizente com a proposta metodológica, integrada ao campo.
Foi doado um terreno por um benfeitor. Começamos com a mão na massa, nós mesmos, em mutirão, a limpeza do terreno e os primeiros passos rumo à construção tão sonhada, passando a se constituir, então, como Escola dos Sonhos.
Por meio de mutirões, campanhas e doações, a escola começa a ser construída, devagarinho, na busca de tornar o sonho real de uma escola construída por toda a comunidade escolar, desde sua estrutura física, metodologia e valores.
Marcada pela pandemia da COVID-19, esse período foi conduzido de modo online e depois semi-presencial. Mas nosso trabalho não parou, como era já da proposta pedagógica a autonomia do estudantes e organização dos estudos por meio dos projetos e das trilhas de aprendizagem, os discentes continuaram suas atividades em casa, com o auxílio online dos seus tutores.
Pela relevância do trabalho, a Escola tornou-se conhecida e foi feita uma reportagem pelo Globo Rural. A partir daí, recebemos doações do Brasil e fora do Brasil, tornando nosso sonho bem mais palpável.
Nesse ano, fizemos a transição para o nosso espaço físico próprio, depois de uma longa campanha de arrecadação, muito ajudada pela repercussão da matéria do Globo Rural. Esse período foi marcado por adaptações ao novo ambiente, mas também de muita alegria por realmente concretizar esse sonho e pode proporcionar um espaço que condiz com a nossa proposta, sendo integradora e libertadora.
Atualmente, ainda com alguns sonhos a serem construídos (a quadra poliesportiva e um parquinho), mas funcionando a pleno vapor em nosso novo espaço, lindo e cheio de vida, com espaços de aprendizagem abertos e pelos jardins que trazem cor, sons, texturas, emoções e encantamentos.